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Não quero ser insubstituível

Dizem que a maternidade é o único lugar em que a mãe é insubstituível. Perdão àquelas que veem romantismo nessa posição. Eu passo, não quero permanecer acorrentada a mais essa responsabilidade, forma disfarçada de opressão.


Quero que o pai ocupe lindamente o seu próprio lugar. Quero que à criança tanto faça estar comigo ou com ele, ambos o amam, ambos cuidam, podem e devem exercer seus papéis com dedicação.


Quero que o pai saiba onde ficam as roupas, acompanhe o calendário escolar, o calendário de vacinas, as datas de aniversário dos amigos, as tretas corriqueiras na escola, as tarefas, as aulas extracurriculares, os medos, os sonhos, os desenhos favoritos. Que ambos se preocupem com alimentação saudável, hora do sono, do banho, da leitura. Que se preocupem com seus sentimentos mais profundos e mais confusos. Que saibam afagar, ser suporte e incentivo. Que se preocupem e cuidem, como podem, do seu futuro.


Que o pai, os avós, a comunidade, a sociedade sejam tão responsáveis pela educação dele quanto eu sou. Afinal, ele é meu filho, mas é também um cidadão. Poderá ser o professor dos seus filhos, seu empregador ou funcionário. O vizinho deles, o amigo, ou quem sabe, o grande amor.


Independente disso, você vai cruzar com ele na rua, no mercado, na escola, na livraria. Vocês dividirão o trânsito, os espaços públicos e privados. Compartilharão desse mundo. E temos visto: a decisão ou omissão de um, de alguns ou todos nós, pode trazer impactos terríveis para uma cidade, um estado, um país, para esse planeta.


Portanto, a missão de educar uma criança não deveria depender do papel “insubstituível” da mãe, antes deveria ser um esforço conjunto. Inclusive, é assim que diz a Constituição.


Quero ter a segurança de que, estando por perto ou não, meu filho será bem tratado, respeitado e aprenderá como respeitar também. Quero ter o direito de cuidar também das minhas próprias necessidades.


Por isso, reafirmo, não quero ser insubstituível. Não quero esse troféu. Se você quer, lamento, mesmo, por todos nós. Entendo, mas lamento. A maternidade perece quando aceitamos essa suposição. Na verdade, toda a sociedade. Eu quero ter o direito de viver – e de morrer – em paz, sabendo que todos ficarão bem.



 
 
 

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